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Nem no Ambiente Acadêmico a segurança da mulher é garantida

Porto seguro da intelectualidade esconde um ambiente de machismo por detrás

Texto de Lucas Soares

Um ambiente que deveria reunir algumas das maiores mentes do local em que se encontra, muitas vezes é tomado por pensamentos arcaicos e por deslizes que mais parecem algo que talvez não represente a opinião de quem o disse, mas com certeza é algo enraizado lá no subconsciente, o machismo nos Campus acontecem desde que a primeira mulher se formou em uma universidade lá em 1887 na Bahia, e desde lá um longo caminho foi percorrido, mas alguns hábitos são difíceis de perder, por pior que eles sejam.

A Academia ou o Campus de uma Universidade é o reflexo da pesquisa e dos conhecimentos de um determinado local, seja ele uma Universidade Federal ou um Centro Universitário, é um ambiente de desenvolvimento, de inovação, de mudança, que mesmo sendo tudo isso, ainda não consegue largar algumas raízes, dentre elas um machismo muitas vezes velado e outras vezes nem tanto. 

 

Uma pesquisa realizada no Amazonas, contou com a participação de ao menos 1100 pessoas em diversas instituições de ensino do estado, revelou a gritante realidade de que ao menos 38% dos alunos, já sofreram algum tipo de violência. O que choca é o próximo dado que diz que a prática é feita predominantemente por homens, valor que chega a 85%.

Apesar de não demonstrar a realidade de todo um país, é inegável que nem um ambiente de enriquecimento cultural, social e acadêmico está livre das amarras de tanto tempo de misoginia. 

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Graduações majoritariamente masculinas em Alagoas

 

Priscylla Maria da Silva Sousa, hoje com 31 anos, iniciou o curso de Ciência da Computação em 2010, hoje professora do IFAL, conta que apesar de não ter sofrido nenhuma atitude que a depreciasse por ser mulher, no entanto o que chama atenção é justamente a contradição entre o interesse pela área e a permanência nela.

 

“Minha turma iniciou bem, 50% dela era formada por mulheres, porém ao fim do curso, apenas duas se formaram. As demais desistiram do curso e seguiram para outras áreas. Das que mantive contato, duas foram para arquitetura e outra para medicina.”

 

Segundo os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, enquanto o Brasil formava 42 mil engenheiros, se formavam 14 mil engenheiras; enquanto 7 mil mulheres finalizavam a graduação em cursos de tecnologia e tecnologia de informação e comunicação, 44 mil homens terminavam na mesma área. 

 

A equidade na área de tecnologia ainda é um sonho distante, no entanto já existem projetos que tem como objetivo fazer crescer o número de mulheres nessas áreas, trazendo informação e mostrando que é sim possível ter uma carreira nesse mundo dominado pelo sexo masculino.

 

Projetos como o Atena ligado ao Centro Universitário Tiradentes e o Katie na Universidade Federal de Alagoas, realizam diversos projetos, workshops e até dão entrevistas para a imprensa, e para Priscylla a existência desses grupos podem vir a fazer a diferença.

 

“São, sem dúvida, muito importantes, especialmente aqueles voltados para as meninas que estão no ensino fundamental e médio. Inúmeras vezes, quando era criança, ouvi falarem que tecnologia era coisa de menino ou que exatas era uma área difícil demais para as meninas. Isso não é verdade, é apenas uma fake news antiga que se espalhou e que agora devemos combater. Incentivar as meninas desde cedo fará com que elas percebam que podem seguir a área que quiserem e deixar de lado esses estereótipos”.

 

Apesar de não sofrer com um machismo completamente direcionado a ela, a professora em reflexão pensa em como o machismo moldou boa parte dos seus pensamentos mesmo que de maneira subconsciente.

 

“Nunca havia refletido sobre isso, mas acredito que sim. Acho que a gente já nasce com essa pressão da sociedade de que a mulher tem que estar o tempo todo tendo que se provar. não que concorde com isso, mas com certeza essa pressão existe, como por exemplo, a mulher que é mãe e trabalha ter que estar o tempo todo provando que “dá conta” de tudo, enquanto os homens não vivem com essa pressão. Com relação à competitividade, entre as meninas da minha turma nunca houve, pelo contrário, buscamos nos apoiar e ajudar uma à outra sempre que necessário.”

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